sexta-feira, 12 de março de 2010

A MÚSICA FOLK

A música “folk” (palavra que se originou no século 19 como um termo para o folclore musical) tem sido definida de várias maneiras: como música transmitida de boca em boca, a música das classes mais baixas, a música com o compositor não conhecido.

Ela foi contrastada com estilos comerciais e clássicos. Desde meados do século 20, o termo tem sido também utilizado para descrever um tipo de música popular que é baseada na música tradicional. Subgêneros incluem folk rock, folk elétrico, folk metal e música folk progressiva.

O surgimento do termo "folk" coincidiu com uma explosão de sentimento nacional em toda a Europa, que foi particularmente forte na periferia, onde a identidade nacional foi mais reclamada. O termo Inglês "folklore", para descrever a música e danças tradicionais, entrou no vocabulário de muitos países da Europa continental, cada qual com sua música folk.

A música popular pode ser vista como parte de um esquema que inclui quatro tipos musicais: 'primitivo' ou 'tribos'; 'elite' ou 'arte', 'folk' e 'popular’. Música celta, por exemplo, é um termo usado por artistas, gravadoras, lojas de música e revistas de música para descrever um grupo amplo de gêneros musicais, que evoluíram a partir das tradições musicais populares dos povos celtas da Europa Ocidental.

Estas tradições incluem Música folclórica da Irlanda, da Escócia, da Ilha de Man, da Cornualha, do País de Gales, Música Bretão e Música da Galicia. Na proliferação de gêneros musicais populares, algumas músicas foram classificadas como "world music" e "música roots".

Após a Segunda Guerra o “folk revival” na América e na Grã-Bretanha trouxe um novo significado à palavra. Folk era visto como um estilo musical, a antítese da ética comercial "popular" ou "pop" musical. A popularidade do "folk contemporâneo" causou o aparecimento da categoria "Folk" no Grammy Awards de 1959. Em 1970 o termo foi trocado por "Melhor Gravação Étnica, ou Melhor Gravação Tradicional (incluindo blues tradicional)", e em 1987 houve uma distinção entre "Best Traditional Folk Recording" e "Best Contemporary Folk Recording".

O termo "folk", no início do século 21, poderia abranger artistas como Donovan, Bob Dylan, e muito mais. Muitas das bandas de acid rock de San Francisco começaram tocando folk e blues acústico.

Dylan utilizou instrumentos elétricos e ajudou a inaugurar os gêneros folk rock e country rock, em especial por seu álbum “John Wesley Harding” e seu apoio para a música do The Band. No Reino Unido, o revival folk promoveu jovens artistas como Martin Carthy e Roy Bailey e uma geração de cantores e compositores como Bert Jansch, Ralph McTell, Donovan e Roy Harper. Bob Dylan, Paul Simon e Tom Paxton visitaram a Grã-Bretanha por algum tempo no início dos anos 1960, os dois primeiros, principalmente, fazendo uso posterior do material tradicional Inglês que ouviram.

Ao longo da história do homem, a música folclórica, criada e aceita coletivamente, traduz idéias e sentimentos comuns de um povo ou de um grupo e se transmite por tradição oral. Suas principais fontes são os fenômenos rituais ou lúdicos (jogos), ou a comunicação de fatos e notícias. As composições, anônimas, divulgam-se e se repetem, e assim se transformam e apresentam aspectos novos, adaptados a uma comunidade, até converter-se em patrimônio comum de um grupo social.

As composições de música folclórica não diferem essencialmente das composições da música erudita quanto aos aspectos técnicos, pois podem utilizar idênticos ritmos, escalas e estruturas. Falta, no entanto, à música folclórica, a notação escrita, o que a torna especialmente suscetível a modificações e à apropriação pela coletividade. Episódios épicos ou amorosos, cantados em forma de balada, constituem a maior parte do repertório, enriquecido com canções de trabalho, canções que acompanham jogos e celebrações e as que se relacionam com o ciclo agrícola anual, freqüentemente associadas à dança. O padrão mais comum é o das estrofes de poucos versos com rima livre, que se repetem estruturalmente ao longo da canção. A música é freqüentemente monofônica, isto é, de melodia única e não harmonizada, mas há obras que apresentam outras linhas melódicas sobre a voz principal, assim como estruturas harmônicas.

As obras folclóricas utilizam mais freqüentemente instrumentos como flauta, alaúde, violão e instrumentos de percussão. Por influência da música orquestral, a partir do século XIX, foram adotados também violinos, clarinetes, harpas, harmônios e outros. O ritmo e a métrica da música folclórica estabelecem uma relação estreita com o verso empregado: a melodia se ajusta à letra ou, pelo contrário, as palavras parecem escolhidas mais pela sonoridade que pelo sentido. Na Europa ocidental e na América, cada sílaba corresponde a uma nota, numa distribuição estrófica mais ou menos simétrica. O folclore balcânico - iugoslavo, romeno, húngaro - é rico em melismas, figuras métricas em que uma sílaba se prolonga sobre várias notas sucessivas. A música folclórica oriental, a da península ibérica (flamenco) e a dos Balcãs são ricas em passagens musicais sem medidas rígidas, em que a voz ou o instrumento se perdem em inflexões e ornamentos melódicos.

As escalas são relativamente simples, às vezes de duas ou três notas. A escala pentatônica ou de cinco notas é própria da música oriental e de boa parte da música européia, que também emprega a escala diatônica usual, de sete notas, elaborada a partir dos modos gregos. Outras escalas de origem diversa são usadas, por exemplo, no primitivo flamenco espanhol e na música negra dos Estados Unidos, o spiritual, derivado dos antigos cânticos escravos.

Apesar da grande variedade dos instrumentos da música folclórica nas diferentes culturas, é possível estabelecer uma classificação deles em grupos. Assim, um primeiro grupo se compõe dos instrumentos fabricados pelos povos primitivos, não raro com outras finalidades além da musical. Assim ocorreu com os cornos de caça e os tambores de guerra ou de cerimônias rituais. Os povos primitivos fabricavam apitos de folhas de árvores, flautas de bambu e caixas de ressonância dos ossos de suas presas. Tomando como ponto de referência as sociedades tribais conhecidas, pode-se afirmar que a percussão desempenhava papel predominante nas antigas culturas.

Um segundo grupo se constituiu no mundo ocidental com a chegada de instrumentos procedentes de regiões remotas, sobretudo asiáticas, entre eles, os banjos, xilofones, gaitas e antigos instrumentos de cordas que deram origem aos primeiros violinos. Finalmente, a cultura urbana que se desenvolveu desde a época da Renascença legou aos conjuntos folclóricos grande variedade de instrumentos próprios da música erudita ou popular: violões, clarinetes, violas, violinos, contrabaixos etc. Surgiram desse modo os instrumentos que se tornaram característicos da música folclórica de cada país: a balalaica, similar ao alaúde, no folclore russo; a gaita dos povos europeus de origem céltica; as flautas de barro enraizadas no folclore pré-colombiano dos países latino-americanos; e a flauta balcânica, composta de tubos justapostos. Entre os instrumentos de percussão são exemplos notáveis a marimba centro-americana, o pandeiro espanhol e o címbalo húngaro, semelhante ao cravo.

Os estilos das canções folclóricas, de grande diversidade, têm gerado controvérsias no tocante a possíveis classificações. Segundo o compositor húngaro Béla Bartók, profundo conhecedor do folclore musical de diversos povos, existem duas modalidades de expressão: o parlando rubato, baseado em padrões que admitem ornamentos melódicos mais livres da parte do intérprete, e o tempo giusto, que segue de modo rígido os esquemas rítmicos preestabelecidos.

O apogeu do pensamento humanístico na Europa contemporânea, o renascimento das ciências históricas e antropológicas e a apreciação da arte como atividade superior do intelecto chamaram a atenção para o valor das manifestações criativas nas diferentes sociedades humanas da antiguidade ao presente. A música folclórica passou a atrair o interesse de pesquisadores, músicos e escritores e tornou-se mesmo objeto de estudo sistemático.

Em muitas composições eruditas transparecem os padrões, estrutura ou melodias do folclore da terra natal do compositor. Tal efeito foi deliberadamente procurado durante o século XIX com o surgimento das escolas nacionalistas de música, que pesquisaram as raízes populares para criar novos modos de expressão ou novos estilos. Canções populares foram recriadas, ou serviram como base rítmica de elaboradas e grandes obras orquestrais de autores célebres como Chopin, Albéniz, Grieg e, posteriormente, Bartók, Manuel de Falla, Gershwin e Villa-Lobos.

A relação entre a música dita popular e a folclórica é ainda mais estreita: ambos os termos não raro se confundem e chegam a identificar-se como conceitos análogos. A expressão "música popular" em geral se refere à música urbana, surgida nos últimos decênios, cuja transmissão se faz pelos meios de comunicação - jornal, rádio, televisão. Os autores de melodias populares são conhecidos. Enquadram-se nesse gênero o jazz e o rock, o folk e o country americanos, a chanson francesa, as baladas italianas, o samba, o tango etc.

domingo, 7 de março de 2010

ESCUTANDO O PASSADO

Para compor uma música e ser fiel ao estilo que se propõe é indispensável olhar para o passado. Como compor Folk sem conhecer a história da música Folk? Como compor blues sem conhecer a história do blues?

A maioria dos músicos que ignoram estas questões com a alegação de "desenvolverem seu próprio estilo", geralmente só produzem merda. Talves este seja o motivo de nos últimos 10 anos, pouquíssimas composições terem despertado minha atenção.

Buscando este resgate histórico, apresento um clássico interpretado por Pete Seeger, Doc Watson, Clint Howard, & Fred Price: Careless Love.